Monte Everest: Entre a Glória e a Tragédia nas Alturas Mortais

Bem-vindos a uma jornada fascinante e inquietante através das alturas letais do planeta, onde a conquista e a tragédia se entrelaçam nas encostas do Monte Everest. Este majestoso pico do Himalaia é uma das maravilhas naturais mais imponentes e perigosas do mundo, atraindo aventureiros de todos os cantos do globo. No entanto, por trás da aura de conquista e triunfo, o Everest esconde um segredo sombrio e perturbador: é o maior cemitério a céu aberto do planeta, onde mais de 200 alpinistas repousam eternamente.

                           

História e Nomeação do Monte Everest

Nossa jornada começa no século XIX, quando a Índia ainda estava sob o domínio britânico e o império colonial buscava mapear e explorar a vasta região montanhosa do Himalaia, então totalmente desconhecida pelos ocidentais. Sir George Everest, oficial britânico e Surveyor General da Índia de 1830 a 1843, liderou uma expedição monumental para medir as altitudes das montanhas da região. Foi durante essa pesquisa que o Monte Everest começou a emergir da obscuridade.

Sir George Everest- Créditos: blogdescalada

No entanto, é importante notar que o Monte Everest não era conhecido por esse nome na cultura local. Os habitantes do Tibete e do Nepal o chamavam de "Chomolungma" e "Sagarmatha", respectivamente, cada um com significados culturais profundos e uma ligação espiritual com a montanha. Foi apenas em 1865 que o nome "Monte Everest" foi oficialmente adotado pelos britânicos, apesar das objeções de George Everest, que considerava seu nome difícil de pronunciar.

O Lado Sombrio da Aventura no Everest

Desde a histórica conquista de Edmund Hillary e Tenzing Norgay em 1953, mais de 4.000 alpinistas seguiram seus passos em busca de glória. Infelizmente, centenas nunca retornaram. Acima dos 8 mil metros, na "zona da morte", os níveis de oxigênio despencam para um terço do encontrado ao nível do mar, tornando a escalada extremamente perigosa. Os alpinistas enfrentam desorientação, fadiga avassaladora e risco mortal para seus órgãos, resistindo muitas vezes por não mais do que 48 horas.

Créditos da imagem : Veja.Abril

No entanto, as condições extremas não são as únicas culpadas pelas tragédias. A paisagem traiçoeira dificulta as missões de resgate, tornando quase impossível a recuperação dos corpos dos alpinistas falecidos. Em um caso trágico, dois socorristas perderam a vida ao tentar resgatar o corpo de Hannelore Schmatz, a primeira mulher e primeira alemã a falecer na montanha. Até agora, aproximadamente 300 pessoas perderam suas vidas no Everest, contribuindo para o crescente número de marcadores sombrios no caminho para o cume.

Marcadores Sombrios no Caminho: "Botas Verdes" e o Dilema Moral

Alpinistas frequentemente passam por marcadores humanos, sendo o mais infame conhecido como "Botas Verdes", acreditado ser de Tsewang Paljor, um alpinista indiano que morreu em 1996. Antes de sua recente remoção, "Botas Verdes" estava próximo a uma caverna que todos os alpinistas tinham que atravessar, servindo como um lembrete sombrio da natureza implacável da montanha. Em 2006, o alpinista britânico David Sharp se juntou às "Botas Verdes". Sua morte levantou um dilema moral profundo, já que, naquele dia fatídico, pelo menos 40 alpinistas passaram por ele sem oferecer ajuda.

Alpinista Indiano Tsewang Paljor conhecido como "Botas Verdes"

Sir Edmund Hillary, o primeiro a conquistar o cume do Everest, condenou essa falta de compaixão, atribuindo-a à "febre do cume" - um desejo obsessivo de alcançar o pico. Essa observação levanta questões éticas sobre a escalada e lança uma sombra sobre o espírito humano que deveria ser enriquecido pelas montanhas.

David Sharp pereceu sem receber ajuda

A Persistência do Desejo Humano 

Apesar das histórias angustiantes e dos perigos evidentes, o fascínio pela conquista do Everest persiste. A cada ano, milhares de alpinistas desafiam a morte em busca de aventura, testemunhando a força da vontade humana. No entanto, essa busca incansável também nos lembra de nossa vulnerabilidade. Como Sir Hillary sabiamente explicou, a obsessão pelo cume pode obscurecer valores essenciais como compaixão e responsabilidade compartilhada.

Edmund Hillary - Primeiro Alpinista a chegar ao cume do Monte Everest
 

O Mistério de George Mallory

Uma história menos conhecida envolve George Mallory, cujo corpo foi encontrado 75 anos após sua expedição de 1924. Descoberto em 1999 a cerca de 8.000 metros, quase perfeitamente preservado em um terno de tweed, Mallory deixou um mistério eterno: ele alcançou o cume antes de sua morte prematura? Sua icônica resposta à pergunta sobre o motivo de querer escalar o Everest - "Porque está lá" - continua ecoando através dos tempos.

George Mallory perdeu sua vida no Everest em 1924

O Everest, Entre Glória e Tragédia

Enquanto o Monte Everest continua a atrair aventureiros, sua presença como o maior cemitério a céu aberto do mundo nos lembra das complexidades da ambição humana nas alturas mais inóspitas da Terra. A escalada do Everest sempre foi um desafio que coloca a resistência humana contra a natureza implacável, mas a que custo? Enquanto as vistas deslumbrantes da montanha oferecem uma visão do sublime, não podemos ignorar o cemitério que serve como testemunho do poder da natureza e das profundas complexidades da ambição humana.

Alpinista rumo ao cume do Monte Everest

A história do Everest é uma mistura de triunfo e tragédia, heroísmo e dilemas morais, e continua a intrigar e perturbar todos os que buscam conquistar seus picos mortais. É um lembrete de que, mesmo nas maiores conquistas, devemos sempre manter a compaixão e a responsabilidade compartilhada em mente.

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